Flat fun

São Luís do Maranhão, minha terra natal, tão linda, tão cruel com os surfistas.
Feriado de Dia do Trabalho no sábado proporciona uma rara sequência de dois dias de folga seguidos para quem trabalha pesado como eu. "Massa! Vou surfar!" Mas o sonho de umas ondinhas divertidas não veio nem em sonho. Sonhei que estava empurrando uma amiga numas marolinhas, para ela aprender a ficar em pé na prancha.
No sábado, confirmado: não tinha nem 1 pé de onda, nem na previsão, nem no mar. No domingo, menos onda ainda. Vixi... Fazer o quê?
Cair no mar sorrindo, dar uma boa remada e rezar! Por uma merreca maiorzinha, por uma sereia, sei lá. E vê se não esquece sua SUP, fish ou fun, a prancha mais espessa que você tiver, seu remo ou seu motor. Ou sua amiga... Com boa vontade e criatividade, dá pra se divertir no flat. Dá, sim.
Um abraço e boas ondas!

O melhor acessório

Olá, pessoal!

Hoje eu lhes apresento o meu mais precioso acessório: um par de protetores de ouvido!

"Não deforma, não solta as tiras, não tem cheiro" e esse aí da foto não vai embora no primeiro caldo.

Você vai ficar parecendo um surdo, tentando bater um papo com os amigos ("HEIN?"), mas a garantia de proteção é total contra os incômodos daquela semana inteira com os ouvidos cheios de água (por sinal, água suja). E se você também for músico assim como eu, essa proteção é obrigatória.

Como é bem baratinho, eu tenho sempre um par no bolso de cada bermuda e um par sobressalente no carro, para não correr o risco de ficar com a água do São Marcos alagando os meus tímpanos por dias.

Recomendo.

Um abraço e boas ondas!

A intuição e a prancha voadora

Quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010, quase uma semana sem surfar. A Lelot 6'0" era a única prancha. De carro, passei pelos points onde surfo e as melhores condições estavam mesmo na Ponta D'Areia, mais protegida do vento leste forte que soprava naquela manhã.

Mas sabe aquele pressentimento, aquela intuição, aquela vozinha interna que fica martelando na sua cabeça, dizendo "Deixa esse surfe pra outro dia, rapaz..."? Tirei a prancha do carro e passei uns bons 15 minutos somente olhando o mar, analisando as condições, vendo a galera surfar, para ver se aquela sensação ruim passava e eu me convencia a cair de uma vez.

Como estava precisando me exercitar e desestressar, resolvi surfar, mesmo com aquela luzinha amarela piscando na minha mente. "Olha lá o que tu vai fazer, cara"!

Paramentado e parafinado, desci para a areia e coloquei minha Lelot no chão, para iniciar o meu aquecimento, geralmente muito rápido. Foi aí que a minha intuição se fez valer.

Quando abaixei a cabeça para o primeiro exercício, uma rajada de vento repentina e muito, muito forte (sei lá, uns 50 km/h?) simplesmente LEVANTOU A MINHA PRANCHA UNS 2 METROS ACIMA DA AREIA, COMO SE ELA FOSSE DE PAPEL! ELA VOOU MAIS UNS 5 METROS PARA LONGE DE MIM E, AINDA LEVITADA, DEU UMA PIRUETA EM PARAFUSO E DEPOIS UM TWIST CARPADO a la DAIANE DOS SANTOS. Só que a aterrissagem não valeu uma medalha de ouro: A POBREZINHA SE ESPATIFOU DE RABETA NA AREIA. CAIU DE BUNDA MESMO!

Estupefato, botei minha viola no saco, engoli o mico e corri para levar a prancha ao conserto, para ver se ela fica pronta antes do swell que se aproxima (se esse vento lascado ajudar, podemos ter boas ondas entre os dias 9 e 11 à tarde).

Vou dar mais atenção à minha intuição da próxima vez.

Abraços e boas ondas a todos!

P.S.: A ilustração é do meu talentoso amigo Giordano Bruno. Valeu, Ted!

A MELHOR PRANCHA PARA INICIANTES

Qual é a melhor prancha para o iniciante no surfe? Eita pergunta que atormenta o pessoal que está começando a surfar! Nossa!

Mas é bem fácil de responder. Quer ver só?

A prancha mais adequada para o iniciante tem que ser BEM MAIOR, MAIS LARGA E MAIS ESPESSA DO QUE A GRANDE MAIORIA DAS PRANCHAS QUE ESTÃO NAS LOJAS. Ponto. Ainda mais se esse iniciante surfa aqui na Ilha do Amor. Ponto de novo.



Seja em São Luís, em qualquer outro lugar do Brasil ou do mundo, as surf shops estão abarrotadas de pranchinhas de performance, uma mais linda do que a outra. São os famosos foguetes. Todo mundo quer ter uma, até eu! Imagina quem está começando, quando olha aquela pranchinha toda pequenininha, levinha, com uma pintura ultra radical, bico pontiagudo, rabeta estreitinha e tudo mais. Quer uma daquelas no ato, na hora. Só que essas pranchas são inadequadas para quem está começando. O iniciante tem que pensar em uma prancha diferente, mais arredondada, mais "cheiazinha", porém mais adequada para aprender.

Com uma pranchinha de performance, o iniciante vai ter uma dificuldade enorme até para conseguir ficar deitado, logo de saída. Ela vai afundar e ficar instável (difícil de equilibrar lateralmente), porque é fininha e estreita. O aprendiz não consegue nem se equilibrar nem remar direito. Imaginem ficar em pé! O cara vai remar feito um condenado e não vai sair do lugar, vai fazer uma força enorme e não vai conseguir pegar nenhuma onda, e se conseguir pegar impulso em alguma, vai tomar vários caldos, entrando de bico na água. Ele corre um sério risco de, no mínimo, se machucar com uma pranchada (que, preparem-se, faz parte do aprendizado). Em casos mais extremos, alguns até desistem de surfar, pois acham tudo muito difícil.

Infelizmente o surfe é realmente um esporte difícil de aprender, difícil de dominar, pois exige que o iniciante saiba nadar e esteja em muito boas condições físicas. É um esporte de força, explosão, flexibilidade e muito equilíbrio; e, com uma prancha imprópria, fica mais difícil ainda de começar a surfar. As pranchinhas são feitas para andar em ondas fortes, em alta velocidade, por quem já tem muita habilidade. A meu ver, prioritariamente, a prancha do iniciante tem que ser mais parecida com um funboard ou pranchão:
1) ser bem espessa, para flutuar mais facilmente e facilitar a remada (ficar o máximo acima da superfície da água);
2) ser bem larga, para também facilitar a remada e dar mais equilíbrio lateral ao surfista (não ficar instável na hora de levantar ou mesmo quando o surfista já está em pé);
3) ter um bico bem largo, para minimizar as embicadas;
4) e ser um pouco mais longa que as pranchinhas, para que o iniciante tenha mais área de flutuação e possa se acostumar com o equilíbrio em pé.

Traduzindo, em medidas genéricas (medidas mais exatas dependem do biotipo de cada surfista, peso, altura, tamanho dos pés, etc.):
- tamanho: uns 50 cm maior que a sua altura, mas que também não seja grande demais, a ponto de ficar muito pesada e difícil de controlar. Para alguém com altura entre 1,60 m e 1,80 m, procurar comprimentos entre seis pés e meio (6'6") e sete pés e meio (7'6");
- largura: para o mesmo biotipo acima, no mínimo vinte e duas polegadas (22");
- espessura: para quem pesa entre 60 Kg e 80 Kg, no mínimo duas polegadas e três quartos (2 3/4");
- bico bem largo e arredondado.

Por experiência própria, vale a pena investir numa prancha mais adequada para começar. Deixe a pranchinha para depois. Com a prancha correta, você vai se sentir mais motivado, pois vai aprender com mais facilidade e rapidez, e vai perseverar no esporte. Muito brevemente, você vai estar mais condicionado e mais habilidoso, para ir trocando de pranchas, até chegar naquele foguete dos sonhos quando já estiver surfando com desenvoltura.

Um abraço e boas ondas a todos!

Fish FM 5'10"

Olhava de longe e sabia que ninguém ia querer, com aquele jeitão de prancha retrô. Coisa de "tiozão". Uma semana depois da primeira olhada, ninguém queria mesmo e eu já sabia disso. Levei para mim, sem titubear.



Primeira onda: a melhor prancha que já tive! Sem exageros, a melhor!

Maleabilíssima, você a coloca onde quiser na onda, sem qualquer esforço. Pensou e ela já foi! Cutbacks longos e fluídos, rasgadas, batidas, dá para fazer tudo isso com muito mais facilidade do que nas pranchinhas comuns. Não é a melhor opção para aéreos, mas voar para quê? Também não é ideal para drops críticos em ondas tubulares, mas não tem esse tipo de onda em São Luís mesmo...

Outras duas características dessa maravilha são a velocidade absurda na parede da onda e a habilidade de atropelar seções e lombadas. Dá para dropar por trás do pico com muita segurança, acelerar na volta de manobras críticas e literalmente passar por cima de seções de espuma ou marolas, com a mesma facilidade de quem mete uma faca quente na manteiga.

Aconselho a todos que surfam por prazer: acrescentem uma FISH ao seu quiver. É alta performance com facilidade. Diversão pura!

Abraços e boas ondas a todos!

P.S. (em 20/mar/2010): Essa aí das fotos foi batizada "SOLARIS" pela Isa. Amei. Amém!

Não foi o que se esperava

O swell não foi o que se esperava. Uma semana de expectativa e apenas alguns momentos isolados de boas ondas.

Felizmente, um deles aconteceu ontem à tardinha, no São Marcos. Caiu uma chuvinha e o vento diminuiu, proporcionando mais qualidade para as ondas de meio metro que quebraram por lá.

Entretanto, as condições pioraram muito hoje de manhã. As ondas diminuíram e o vento lateral deu uma mexida no mar. A foto mostra o São Marcos, com menos de meio metro (1 pé de onda).

A previsão para a semana que se inicia, do dia 4 ao dia 10, é de mar mexido, com vento maral forte. O pequeno swell de NE, vai diminuindo até sumir na quinta feira. Vamos esperar que a chuvas a leste de São Luís amenizem o vento e façam as marolas rolarem com qualidade.

Amanhã começa para valer o ano novo. Vida nova, tudo novo! O trabalho nos chama de volta e só tem surfe se o mar quebrar de primeira.

Uma boa semana a todos!

Ondulação baixando e só falta o fim de semana...

A expectativa em torno da ondulação que chegou a São Luís nos últimos dias de 2009 ainda não se concretizou em boas ondas para o surfe. Em relação às semanas anteriores, as ondas aumentaram de tamanho, mas ainda não rolou aquele dia realmente bom, com qualidade para o surfe, e o swell já começa a perder força. Ontem pela manhã, demos uma caída na Ponta d'Areia. O mar estava liso, mas as ondas, bem pequenas. A foto acima mostra uma onda da série, aparentemente legal, mas dava apenas uma manobra. Algumas ondas maiores e ocasionais entravam fechando de uma vez. À tarde, o mar continuou mexido no São Marcos e o crowd se formou de novo na PD. A maré subiu muito! O backwash acumulou muita água no inside e deixou a maioria das ondas bem gordas. As maiores continuavam fechando.

Outra coisa ruim foi que toda a sujeira da praia também foi levada para o inside. Era folha de samambaia, buquê de rosas, melancia, garrafa pet, água de cheiro, vela preta, tudo boiando num caldo formado com o barro das pequenas encostas. Coliformes fecais? Vixe! Não quero nem comentar, mas tem gente se coçando até agora.

Hoje de manhã, não teve surfe pelo menos para mim. Ainda estava processando o merecido champanhe da noite de réveillon durante o sono que se estendeu por quase toda a manhã. À tardinha, o meu amigo Eric Martins, o "Pedun", me telefonou avisando que as ondas estavam pequenas na PD e que as condições do São Marcos haviam melhorado. Corri para lá e o mar estava um pouco melhor mesmo: ondas com meio metro e paredes bem mais extensas do que na Ponta. Como me disse Eric durante a sessão, "o São Marcos é o São Marcos": basta que as condições melhorem um pouquinho, para se saber que aquela é uma das melhores ondas de São Luís, senão a melhor, quando quebra com qualidade. Precisei de duas vacas para acordar da ressaca de uma noite sem sono: duas direitas de drop rápido, de backside para mim. Na segunda, fiz um transplante de pelos da minha canela para a borda da prancha! O teco foi feio, tanto na prancha, quanto na canela, mas as duas já foram tratadas, uma com mertiolate e a outra com "silver tape".

Se as condições estiverem como na previsão, com leve terral de SE, vamos cair amanhã de manhã bem cedo no São Marcos novamente, para pegar a vazante. Quem sabe rola aquela sessão mais clássica, mesmo com a ondulação baixando. E tem que ser logo, pois tudo volta ao normal na segunda-feira.

Um abraço a todos e FELIZ ANO NOVO!